O Bêbado e A Equilibrista – Elis Regina

Mias uma vez este ano eu dei um grande vacilo e deixei passar batido que no dia 19 de janeiro foi o 31o. aniversário do falecimento desta incrível cantora: Elis Regina.

Como eu já havia dito em outro post a muito tempo atrás eu demorei para aprender a apreciar Elis, acho que foi uma certa rebeldia infantil, por que meus pais veneravam ela de uma forma que eu não conseguia entender, e ainda mais por ter sido alguém que faleceu antes mesmo de eu nascer. Mas com o passar do tempo eu amadureci, e aprendi a respeitar e admirar ela, que hoje reconheço como a melhor cantora que o Brasil já teve.

Esta música de composição de João Bosco e Aldir Blanc, tem uma curiosidade, sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs esta melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir letrou a música e fez uma outra homenagem dentro do texto rimando “Brasil” com “irmão do Henfil”, esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilizição, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse “Betinho”, ninguém reconheceria, a referência ao irmão do Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da “Ação da Cidadania”.

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O Bêbado e A Equilibrista

Elis Regina

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!…

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…

Elis Regina – Como nossos pais

Elis Regina, a pimentinha, como ela era chamada. Com uma voz única, uma ardente paixão pelo cantar, dando vida nas músicas em suas interpretações.

Sem querer deixei passar em branco o aniversário de sua morte no dia 19 de janeiro, este ano completando já 30 anos que ela nos deixou.

Sou obrigado a confessar para vocês que eu levei muito mas muito tempo mesmo para começar a ouvir e gostar. Meus pais era totalmente apaixonados por ela, e acho que exatamente por isso, com uma birra de criança, que eu levei tanto tempo para ouvir com a atenção devida, e assim passando a ouvir, gostar, respeitar e até chegar a admirar.

A música de hoje é sem dúvida para mim a mais marcante de todas, Como nossos pais, com letra e música composta por Belchior. A mensagem desse conflito de gerações que todos nós temos com os nossos pais, mas que em algum momento de nossas vidas vamos nos deparar que nós somos um reflexo deles, seja nas virtudes e também nos defeitos. A carga genética que carregamos, os ensinamentos que nos foram passados, tudo, sem exceção.

Como Nossos Pais

Belchior

Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos…

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa…

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens…

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz…

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração…

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais…

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais…

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando…

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem…

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal…

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais…